Matemática computacional aplicada a pesquisas relacionadas a Desastres Naturais
Motivação
A Defesa Civil (2012) define Desastre Natural (DN) como o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais e/ou ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais. Os DNs têm ocorrido com maior frequência em todo mundo, em função das mudanças climáticas, do crescimento urbano descontrolado e da ocupação sem planejamento e em áreas de risco, afetando milhares de pessoas e causando prejuízos sociais e econômicos cada vez mais severos.
Há na literatura internacional uma valiosa discussão sobre a "desnaturalização" dos desastres, uma vez que os eventos deflagradores são de "origem natural", mas o desastre é uma construção social. Políticas de Redução de Risco de Desastres tem que considerar, portanto, as diversas componentes de cenários de riscos, como ameaças e vulnerabilidades.
A matemática tem papel fundamental na compreensão e prevenção dos fenômenos relacionados aos DNs. Técnicas de análise da Atmosfera como sistema dinâmico não linear, acoplado e complexo, unem-se a análises estatísticas para a detecção antecipada de eventos extremos, que ao encontrar ambientes e populações vulneráveis deflagram ocorrências.
Análises multiescala e adaptativas podem revelar diversas peculiaridades das dinâmicas. Os terrenos são a base territorial dos eventos - multifractais e tensores de estabilidade são valiosas ferramentas para análise de propriedades relacionadas a escorregamentos. Aprendizagem de máquina e Cadeias de Markov representam inovações promissoras em modelagem hidrológica. Pesquisa operacional e otimização combinatória podem ajudar na expansão da rede observacional hidro-geo-meteorológica do país.
Além de perdas diretas em vidas humanas, DNs tem relações com processos de saúde-doença, especialmente em arboviroses influenciáveis pelo aquecimento global e em doenças de veiculação hídrica, e geram impactos em infraestrutura - que podem ser estimados como um problema inverso em vibrações, resolvido por formalismo Lagrangeano, e por métricas de Redes Complexas em infraestruturas críticas.
Em 2015 foi realizada uma Seção Temática intitulada “Desastres Naturais: a presença da Matemática – da compreensão à prevenção", no Colóquio Brasileiro de Matemática do Instituto Nacional de Matemática Pura Aplicada (IMPA). Os proponentes desta seção estão dentre os proponentes e colaboradores deste Comitê. Deste evento e algumas reuniões em São José dos Campos/SP, foi criada uma rede envolvendo pesquisadores de diversas áreas, instituições e regiões do país. Em setembro de 2016 a Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC) aprovou a criação do Comitê Temático "Matemática computacional aplicada a pesquisas relacionadas a Desastres Naturais“.